- Você tá chato.
Já não bastasse todos os problemas do mundo e ainda tinha que ouvir aquilo dela. ‘Você ta chato; mudou; ta estranho’. Estava era entediado com toda a situação,. Talvez com a vida toda. Não sei. Talvez era isso mesmo o que me incomodava. O maldito ‘não sei’.
A vontade de chorar e a raiva crônica de não conseguir martelava meu ouvido como um pêndulo sem direção. Talvez me entediei com a vida; cansei das pessoas. De toda aquela babaquice do ser ou não ser. Cansei do relógio, do calendário, dos compromissos. Aliás. Eu não tinha compromissos; eu não contava mais as horas nem os dias. Eu não tinha nada. Ninguém. Não sei porque algo me preocupava. Não sei.
- Você ta chato.
Porra, não se pode mais ser chato ? Chato é esse mundo, ou melhor, o mundo deles. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe de mim. Eu não tenho mais mundo. Já até cansei de procurar. Perdi o rumo, quem sabe.
Vazio. Ta tudo tão vazio. O calor do sol não aquece mais o frio de meus ossos. Ou seria da alma? Frio. Só sei que faz muito frio por aqui. Nesse meu mundo-que-não-é-mundo. Quem sabe coração.
E se for para ser assim mesmo? Viver como fantasma e morrer como esquecido? Talvez é o que eu queira mesmo. Se for para ser lembrado por essa gente, que seja depois de morto então. Não há glória ter seu nome lembrado por aqueles. Pelo muro que é a sociedade. Que minha estátua afunde, para que me esqueçam assim como me esquecerei deles. Mas não terei estátua. Não serei lembrado. Tanto faz.
Perdi a vivacidade dos olhos. A jovialidade que nunca tive. Entre meus cigarros e café o mundo vivia. O mundo corria. Existia vida. Não sei se em mim também. Era uma fase egocêntrica. Eu não ligava para a vida, a não ser a minha. Irônico. Eu já não tenho mais vida.
- Você ta chato.
Estava até me conformando. Tais palavras me queimaram a pele. Secaram meus lábios. Doía. E eu não ligava para a dor. Eu não sentia a dor. Talvez eu a sentia o tempo todo, mas desconhecia sua ausência. Nesse caso, acho que dói sempre. Era dor. Quem sabe minha única amiga. Depois da solidão.
-Você ta chato. Você ta chato.
Talvez eu seja chato mesmo. Talvez eu queira ser chato, o independente. O fantasma. Talvez eu seja mesmo diferente, o qual no fim das contas, não faz nenhuma diferença. Talvez eu realmente não tenha mundo. Talvez eu seja careta. Cresci demais e antes da hora. Quem sabe sou de outros tempos, sem pai, nem mãe. Talvez nem família eu tenha.
Talvez, quem sabe, eu só queira ser eu mesmo.
Já não bastasse todos os problemas do mundo e ainda tinha que ouvir aquilo dela. ‘Você ta chato; mudou; ta estranho’. Estava era entediado com toda a situação,. Talvez com a vida toda. Não sei. Talvez era isso mesmo o que me incomodava. O maldito ‘não sei’.
A vontade de chorar e a raiva crônica de não conseguir martelava meu ouvido como um pêndulo sem direção. Talvez me entediei com a vida; cansei das pessoas. De toda aquela babaquice do ser ou não ser. Cansei do relógio, do calendário, dos compromissos. Aliás. Eu não tinha compromissos; eu não contava mais as horas nem os dias. Eu não tinha nada. Ninguém. Não sei porque algo me preocupava. Não sei.
- Você ta chato.
Porra, não se pode mais ser chato ? Chato é esse mundo, ou melhor, o mundo deles. Tão perto e ao mesmo tempo tão longe de mim. Eu não tenho mais mundo. Já até cansei de procurar. Perdi o rumo, quem sabe.
Vazio. Ta tudo tão vazio. O calor do sol não aquece mais o frio de meus ossos. Ou seria da alma? Frio. Só sei que faz muito frio por aqui. Nesse meu mundo-que-não-é-mundo. Quem sabe coração.
E se for para ser assim mesmo? Viver como fantasma e morrer como esquecido? Talvez é o que eu queira mesmo. Se for para ser lembrado por essa gente, que seja depois de morto então. Não há glória ter seu nome lembrado por aqueles. Pelo muro que é a sociedade. Que minha estátua afunde, para que me esqueçam assim como me esquecerei deles. Mas não terei estátua. Não serei lembrado. Tanto faz.
Perdi a vivacidade dos olhos. A jovialidade que nunca tive. Entre meus cigarros e café o mundo vivia. O mundo corria. Existia vida. Não sei se em mim também. Era uma fase egocêntrica. Eu não ligava para a vida, a não ser a minha. Irônico. Eu já não tenho mais vida.
- Você ta chato.
Estava até me conformando. Tais palavras me queimaram a pele. Secaram meus lábios. Doía. E eu não ligava para a dor. Eu não sentia a dor. Talvez eu a sentia o tempo todo, mas desconhecia sua ausência. Nesse caso, acho que dói sempre. Era dor. Quem sabe minha única amiga. Depois da solidão.
-Você ta chato. Você ta chato.
Talvez eu seja chato mesmo. Talvez eu queira ser chato, o independente. O fantasma. Talvez eu seja mesmo diferente, o qual no fim das contas, não faz nenhuma diferença. Talvez eu realmente não tenha mundo. Talvez eu seja careta. Cresci demais e antes da hora. Quem sabe sou de outros tempos, sem pai, nem mãe. Talvez nem família eu tenha.
Talvez, quem sabe, eu só queira ser eu mesmo.