segunda-feira, 31 de março de 2008

Urbanidades

Que há de se fazer? Amores acabam, pessoas morrem, o tempo muda, os jovens envelhecem, os rios secam, os produtos vencem, os preços sobem, os políticos roubam, a imprensa mente, pessoas passam fome, os bandidos agem livremente, as drogas consomem os homens, a tristeza se abate sobre muita gente;
As praias ficam sujas, o esgoto entope, famílias acabam, os dentes caem, as roupas encolhem, a criatividade some, a alegria é escassa, e a fé aos poucos se esvai por entre as mentes cansadas dos cidadãos.

E até quando? Viver assim, se animando com a esperança que a T.V nos trás, falando bem do PIB, falando mal do FMI, que as Farc libertaram 2 reféns -Quase mortos, embora isso não importe- E ficarmos nessa, à mercê de siglas.

Nascemos apenas pra passar um período por aqui; Viver - própriamente dito- está absolutamente fora de cogitação.

Altamente inebriante, altamente corrosivo, Deus anda um tanto relapso quanto a defender tua existência.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Para (Ta)ti.

"Num deserto de almas também desertas,
uma alma especial reconhece outra de imediato"

[Caio Fernando Abreu]

Era simples, bela e pronto.
Pensando bem, as coisas vão além do belo, e ainda mais além do simples, assim sendo se tornou diferente das outras aos meus olhos.
E de súbito, se tornou irremediavelmente especial, especial e bela, especial e diferente, especial e simples, enfim, especial;
Veio me mostrar de uma forma completamente nova, que ainda existe o 'bom' nesse mundo louco, me mostrou teu riso, riso esse que gostaria de ter sempre minha querida, sempre, para que eu não me esqueça nunca disso, ainda existem sentimentos bons, o mundo não está perdido aliás, nunca esteve. As coisas sempre foram assim, nem sempre flores, mas também nem sempre pedras, mas veja só, eu não via essas coisas, já você sempre viu.
Ficou fácil acreditar, basta olhar pra ti, olhar pro teu sorriso... E ainda nem falei de teus olhos;

Castanhos, castanhos puros, não escuros, castanhos cuidados e atenciosos, parecem ter vida - digo, vida mesmo - Fazem tão bem, mesmo quietos brilham refletindo o sol ou a lua, ou eles é que refletem teus olhos?

Assim foi, me encantei desde o 1º 'Olá', e me encantei também com todos os que se seguiram, todas as conversas que ocorreram. Mas tenho que confessar, que amo teus 'olás' pois começam a conversa, amo também a conversa; E odeio, me despedir de ti, me assusta muito o fato de não te ver, embora, eu já não ande mais sem ter teus olhos e risos comigo. Ainda que apenas refletidos nos meus.

Repito, foi de súbito meu bem, uma surpresa que me apareceu... E aos poucos esse sentimento se transformou num encanto, e todo esse encanto, pouco-a-pouco começa a se transformar em algo que eu não sabia que alguém ainda me fizesse sentir...

Te quero muito bem, e te desejo muitas coisas, coisas boas, coisas bobas , quero te ver sempre sorrindo e sempre com os olhos brilhando, desejo também que esteja sempre rodeada de pessoas que te amem, animais vivos e fiéis, livros bonitos e músicas envolventes. Desejo também um lugar quieto e que te faça bem, pra que você possa ficar, sentada, de óculos, lendo algo beem distraída e sonhando meu bem, sonhando... Enquanto vive!

Era simples, e bela.
Hoje, simplesmente bela.

Para (Ta)ti.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Te trago pão,
Trago também poesia, mas só quando tu quiser,
O riso sincero
o abraço apertado,
andar de mão dada.
te mostro a beleza,
te protejo do mundo,
Te escondo de tudo
trazendo pro meu,
juntando ao teu,
formando o nosso.!

Mera breguice meu bem,

traz tu pra mim, a alegria de viver,
traz tu pra mim, a vontade de te ver,
mostra, que não sou só eu.
Me traz também, teu beijo;
teu;
meu;
E novamente.
Nosso!

Que assim seja,
e assim então será.
Te guardo,
te vejo,
me lembro.
Fácil assim meu doce.

E meu amor?
Teu amor.

domingo, 9 de março de 2008

Gostava daquele cheiro, cheiro de ilusão, ilusão vulgarmente apelidada de paixão!
Sim, paixão é ilusão, sensaçãozinha gostosa de poder fazer tudo e ser recompensado, ilusão barata, fazer o que, ilusão é isso, te faz bem.

O cheiro estava ficando forte, a cada manhã, estava impregnado em seu olhar, seus atos, suas palavras; Quanto tempo ainda? Até cair. Voltaram os poemas, voltaram os telefonemas, as roupas limpas, a barba feita, o perfume barato que usava pra sufocar o cheiro de ilusão, estava tudo de volta. Não por falta de experiência, pois sabia bem onde estava entrando, nem por excesso de ingenuidade não, nada disso; Ele apenas gostava.

Azedo, assim era o cheiro para todos à sua volta, azedo, cheiro de coisa podre coisa que nunca deu certo nem nunca vai dar. Paixão é isso, cheiro podre no ar, todo mundo sente, todo mundo sabe, todo mundo avisa, e todo mundo gosta. Não passa, o cheiro não passa, cada dia mais azedo, cada dia mais apaixonado.
Clichê, ficando repetitivo, chato, grudento, e fedido, com aquele perfume, culpa dele mesmo, insistia na paixão, no azedo, naquilo que não presta. Aos poucos se perdendo num fluxo contínuo de se entregar àquilo, totalmente entorpecido, totalmente dopado; Mas, ei boy, o torpor passa como fúria, te larga num quarto escuro cheio de rosas amassadas, cobertas bagunçadas, suor e sujeira pelos cantos e pela cama, nú; Não só de roupas, nú de sentimentos, nú de estima, nú de alegria, com um sol brotando no horizonte distante, e o adocicado cheiro azedo da ilusão, saia lentamente pela porta.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Diálogo(s)

- Olá!
- Ahh, olá?
- Desculpe a intromissão, ando um tanto triste, tem um tempo?
- Humm, olha, eu nunca sei o que dizer, nunca mesmo, mal me curo de minhas carências; Que dirá a dos outros.
- Não sei, sempre estive no seu lugar, não que seja muito melhor; com todo respeito. Mas é que essa coisa de tristeza nunca foi comigo não sabe.
- Nunca é, nunca é.
- Digo, falo sério é a primeira vez que me vejo assim, sem chão, sem horizonte, sem nem passado. Vivi uma grande farsa, ou eu realmente era feliz, nunca me apeguei à essas dúvidas depressivas.
- Pensando bem, nem eu, e se me permite, prefiro mantê-las longe.
- Desculpe, como disse, é a primeira vez.
- Se preocupa não, tu é novo, tem belos olhos, pele boa, quase sensível, e é sincero, toma cuidado só.
- É mais complexo que isso!
- Ué, virou o novo expert em depressão foi?
- Quero dizer, tudo esteve sempre ferrado assim?! Pô, num é possível.
- Rapaz, as coisas num foram sempre assim não, as coisas estão assim, e assim ficarão até mudarem, é tudo fácil, já falei deixa de bestera.
- É, até pode ser
...

- E você?
- Eu?
- É, quais as suas depressões?
- Haha, você me disse as tuas?
- Ah, bom...É assim...
- Calma rapaz, calma, te falo de minha vida chata.
- Se insiste.
- Loira, 1,70, olhos castanhos, cabelo curto, corpo comum porém sem aquelas marcas feias de corpos de pessoas de quase 30, sou de aquário mas não acredito em horóscopo, tarô, astros, estrelas, macumba, Deus e essas coisas que criaram pra nos definir.
Gosto de ler, beber, ouvir música que os outros gostam, não danço, acho pura insegurança.
Sou carinhosa, não gosto de sonhar, prefiro agir, ciumenta e egoísta, gosto de ter alguém por perto mas sou solteira, sem filhos, empreguinho estável no centro, perto daqueles cineminhas cult que gosto de ir, e sair fazendo cara de entendida no assunto. Odeio números, cálculos e suas variações, gosto de letras, poemas e suas variações; E minha maior depressão é ver um rapaz de belos olhos, rosto bonito, corpo bom, e quase sensível, achar realmente que falar sobre depressão vai me conquistar; Ou pelo menos me causar dó!
- É, bom... Fiquei sem palavras.
- Desde o início!
- Como?
- Nada.
- Tenho quase 30 também, gosto de dançar, sou quase sensível de fato, odeio músicas dos outros, trabalho com cálculos por gostar deles, solteiro, sem filhos, sem parentes, tirando o avô. Num tenho saco pra ler, muito menos pra gostar de leitura, nunca tive relacionamentos duradouros, tenho medo de me apegar, não acredito em amor à primeira vista. Sinceramente, entrei nesse ônibus, e vi uma moça loira, que pensei não ter mais que 25, com cara de moça culta e triste.
E confesso que a minha depressão, foi ter te dito olá.

...

- Você não acredita em amor à primeira vista mesmo?
- Não.
- Bom, eu desço ali!
- Fique!
- Fico.
- Jura?
- Se me jurar que nunca vai me amar! Já te disse, não sei nem curar as minhas carências, comoéque vou arcar com uma metade de mim?
- Me amando também.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Já fazia bem um tempo que estava ali, não que isso mudasse algo, a duração. O que importa é que alia ele estava, e dali ele não saia, ali ele se acostumara.

De uma certa forma, aquele lugar - Assim ele a chamava - lhe fazia bem, ou pelo menos já não lhe fazia mais mal, mentira, o fato é que se acostumara, se viciara, ele agora necessitava de seu 'lugar' havia perdido um pouco a noção de que o frio faz mal, de que o calor também, pois esse ilude com a sensação boa de conforto e te queima pouco a pouco.

Não conseguia ver muito além, estar no 'seu lugar' lhe fazia esquecer de tudo, lhe fazia pensar que tudo que passou, e ainda passaria, estava sendo compensado,se bem que essa não era a palavra, era como se fosse uma anestesia, um antidepressivo, lexotan, suicídio, ou qualquer uma dessas soluções rápidas e estúpidas, embora nunca tivesse pensado assim, o sentimento fundamental e básico sempre vence a razão.

Sabia que não duraria para sempre, nada dura pra sempre, ou tudo. Sabia bem o seu fim, quem sabe num dia de sol; ou não teria tanta sorte, sabia muito bem que seria triste - se ele ainda sentisse algo- Sabia que ouviria frases de consolo, que não fariam diferença, e se fizessem só piorariam. Sabia tudo de cor e salteado, repetia pra si mesmo todas as manhãs, cinzentas ou não; Ainda assim preferiu esperar esse fim chegar; E ele então chegou, e não fora como ele pensava, foi num dia de chuva, foi calmo... E teu único consolo foi exatamente aquilo que sempre o assustou...

O novo.