quinta-feira, 6 de março de 2008

Diálogo(s)

- Olá!
- Ahh, olá?
- Desculpe a intromissão, ando um tanto triste, tem um tempo?
- Humm, olha, eu nunca sei o que dizer, nunca mesmo, mal me curo de minhas carências; Que dirá a dos outros.
- Não sei, sempre estive no seu lugar, não que seja muito melhor; com todo respeito. Mas é que essa coisa de tristeza nunca foi comigo não sabe.
- Nunca é, nunca é.
- Digo, falo sério é a primeira vez que me vejo assim, sem chão, sem horizonte, sem nem passado. Vivi uma grande farsa, ou eu realmente era feliz, nunca me apeguei à essas dúvidas depressivas.
- Pensando bem, nem eu, e se me permite, prefiro mantê-las longe.
- Desculpe, como disse, é a primeira vez.
- Se preocupa não, tu é novo, tem belos olhos, pele boa, quase sensível, e é sincero, toma cuidado só.
- É mais complexo que isso!
- Ué, virou o novo expert em depressão foi?
- Quero dizer, tudo esteve sempre ferrado assim?! Pô, num é possível.
- Rapaz, as coisas num foram sempre assim não, as coisas estão assim, e assim ficarão até mudarem, é tudo fácil, já falei deixa de bestera.
- É, até pode ser
...

- E você?
- Eu?
- É, quais as suas depressões?
- Haha, você me disse as tuas?
- Ah, bom...É assim...
- Calma rapaz, calma, te falo de minha vida chata.
- Se insiste.
- Loira, 1,70, olhos castanhos, cabelo curto, corpo comum porém sem aquelas marcas feias de corpos de pessoas de quase 30, sou de aquário mas não acredito em horóscopo, tarô, astros, estrelas, macumba, Deus e essas coisas que criaram pra nos definir.
Gosto de ler, beber, ouvir música que os outros gostam, não danço, acho pura insegurança.
Sou carinhosa, não gosto de sonhar, prefiro agir, ciumenta e egoísta, gosto de ter alguém por perto mas sou solteira, sem filhos, empreguinho estável no centro, perto daqueles cineminhas cult que gosto de ir, e sair fazendo cara de entendida no assunto. Odeio números, cálculos e suas variações, gosto de letras, poemas e suas variações; E minha maior depressão é ver um rapaz de belos olhos, rosto bonito, corpo bom, e quase sensível, achar realmente que falar sobre depressão vai me conquistar; Ou pelo menos me causar dó!
- É, bom... Fiquei sem palavras.
- Desde o início!
- Como?
- Nada.
- Tenho quase 30 também, gosto de dançar, sou quase sensível de fato, odeio músicas dos outros, trabalho com cálculos por gostar deles, solteiro, sem filhos, sem parentes, tirando o avô. Num tenho saco pra ler, muito menos pra gostar de leitura, nunca tive relacionamentos duradouros, tenho medo de me apegar, não acredito em amor à primeira vista. Sinceramente, entrei nesse ônibus, e vi uma moça loira, que pensei não ter mais que 25, com cara de moça culta e triste.
E confesso que a minha depressão, foi ter te dito olá.

...

- Você não acredita em amor à primeira vista mesmo?
- Não.
- Bom, eu desço ali!
- Fique!
- Fico.
- Jura?
- Se me jurar que nunca vai me amar! Já te disse, não sei nem curar as minhas carências, comoéque vou arcar com uma metade de mim?
- Me amando também.

4 comentários:

Mari Novais disse...

Acredito que tristeza e cultura sempre nos impulsiona a uma forte atração!!Adorei...

Ka(ta)rina disse...

Tens estado mais maduro ao escrever, Iuri.

PS. Edite os links e a descrição do blog, ainda tem coisa minha ai.

e para Maitê disse...

- Confesso que adoro ler e reler seu blog.

Olá rapaz não mais plenamente desconhecido!

e para Maitê disse...

- Se quiser defender as paranóias femininas, está mais do que convidado!

:)



Guillemots <3