quinta-feira, 10 de julho de 2008

Baque

10 de julho de 2008; 9:00 a.m; Horário de Brasília.

Dentro do meu sono, ainda profundo já que fui dormir um pouco tarde na noite anterior, fui acordado de repente pela voz do meu pai, me pedindo ajuda para usar o computador, ainda sonolento eu abri os olhos e resmunguei que já estava indo, ele então saiu do quarto, cinco segundos depois, se tanto, ele entra novamente e dispara:
- Ele não resistiu, foi embora há pouco.
Foi como receber uma bela quantidade de água fria no rosto pela manhã, os pensamentos que há 5 segundos estavam desordenados e sonolentos simplesmente, acordam e trabalham com toda a intensidade.
Não foi necessário perguntar muito, eu sabia muito bem o que estava se passando. Só não compreendia o porquê. Nesses momentos as coisas simplesmente giram em nossa cabeça, passamos noventa por cento de nossas vidas nos preparando para esses acasos ( se é que posso chamar assim, algo tão sério ), e simplesmente nunca estamos preparados. Sequer estaremos.
Queremos algum tipo de dica, algum aviso - sinal, como alguns preferem - esquecemos que não estamos aqui para ensaiar, não tem ninguém pra gritar 'se prepara'. Talvez esteja aí o segredo, não estar preparado, e aceitar isso. Encarar nossa fragilidade com coragem, aceitar que por mais clichê que possa ser, a vida é curta, grossa; e imprevisível.

Diz-se por aí que precisamos passar por provações, e que a morte é uma delas. Só não consigo entender, que lição habita em perder alguém que nem chegamos a amar completamente, alguém que não tivemos a oportunidade de sequer ver. Não me entra na cabeça o famoso discurso de 'Deus sabe o que faz', se tanto o sabe, me digam. Porquê então, demonstra o oposto.

Não é falta de fé e nem ateísmo.Tristeza e incompreensão, somente.

No mais, deixo aqui meu luto à Pedrinho, que nem ao menos viu um sol ou sentiu uma brisa. À você que não sorriu ou andou descalço. Que não conheceu à mim, e nem eu te conheci.
Só me resta, deixar à ele, esta pequena homenagem.


Nasc: 12/06/2008
Falec: 10/07/2008

Sem clichês e sem cerimonias. Apenas a dor.

3 comentários:

e para Maitê disse...

- Tanta dor, que nem é possível medir.

A vida é bem menor do que parece.

Anônimo disse...

Oi, Iuri

te conheci através de um comentário lá no blog do Fabrício Carpinejar, acho que ele não costuma visitar e comentar, mas eu costumo, e achei ótimo teu texto, tua definição, e custo a crer que só tenhas 16 ouutonos..Quanto essa dor de nunca mais, nunca estamos realmente preparados, é uma negação, um projeto de infalibilidade, de super poderes e de eternidade, que infatilmente acalentamos na alma.
beijo -vou te ler mais e se puder me vista!

Jânio Dias disse...

Oi, vi seu comentário no Carpinejar.

Me chamou a atenção... Mogiano, é?!!

Muito prazer, de Arujá por muito tempo, atualmente em Sampa.

Com licença, vou dar uma passeada na sua rotina.

Abraço.