quinta-feira, 17 de julho de 2008

Nudez. ( Ou, ode ao corpo )

Dê amor. Dê paixão
Dê espera. Dê esperma
Dê prazer. Dê fogo
Dê uma nela, de carinho
De sacanagem, de sarro
De fato.
Dê amor. Dê segurança.

De anca na anca dela
E amanheça de cabeça dentro dela [ Tatá Aeroplano ]

Sempre tive a nudez como uma demonstração de fragilidade. Desde a infância quando a mãe ou o pai mandavam fechar os olhos em uma cena mais "picante" ( expressões que os pais gostam "pesada", "picante", "coisa de gente grande", e outros eufemismos que a vida trata de desmascarar).
O curioso disso tudo é que de certa forma a proposta não é esta ( fragilidade ), mas sim força, auto-suficiência, coragem, algo como : Nossa, viu só? Fulano(a) saiu pelado(a). Que coragem não?
Quando na real, a pessoa está em seu estado mais frágil e desprotegido, já que, está como veio ao mundo, não nú propriamente dito pois estamos nús nas barrigas de nossas mães, mas estamos super protegidos lá. Aqui fora, não.

É muito engraçado, pois nossas mãos nunca estão cobertas, portanto sempre nuas, mas as mãos não são associadas à vulgaridade ou algo feio. Mãos são belas e poéticas e possuem todo o direito de andar por aí, nuas; é como se elas tivessem o direito divino de até mesmo em contato com as partes "picantes" ( pais ), ficarem em segundo plano, como se fossem sempre puras. Porém, vejo mais perigo numa mão, do que numa bunda.
O que houve, ao meu ver; ba-na-li-za-ção:
Como se um seio à mostra substituísse as idéias que uma mulher tenha, como se um belo par de seios fartos tivesse mais chance de chocar/mudar o mundo, do que os crimes cometidos contra a própria humanidade.

Indignação e vontade. Curiosidade e medo. Vergonha e desejo. Tesão e repulsa.
Quantos pólos um corpo nú consegue atinar com toda sua simplicidade?
À mim, como já disse, além de qualquer outra emoção, vem aquela idéia de fragilidade e falta de proteção, sendo assim não consigo encarar a nudez como outra coisa senão a perfeita ilustração das mentes dos humanos : Nuas e desprotegidas, frágeis e suscetíveis.

Vejo muita beleza na perfeição do corpo humano exposta, no formato dos ombros, na força ( ou não ), das pernas e pés, da sensualidade disfarçada das costas, a beleza incitante dos ossinhos acima da virilha. Viu, nudez não se resume à peitos bundas e sexos. Um pé descalço está tão nú quanto um seio. O que é a vulgaridade então? À mim, vulgares serão sempre as mentes e os olhos.

Não é falta de vergonha na cara, e nem 'safadeza', mas nosso corpo é o que de mais belo e perfeito teremos nessa vida. Partindo disso, mostrá-lo, é igualmente belo, se feito da maneira correta.

Me encare como queira, mas um par de peitos nunca vai me chocar tanto quanto as mãos cheias de sangue de um assassino, ou a mente de um político corrupto. É uma questão de princípios, como dizem por aí.



6 comentários:

Unknown disse...

Você quer a minha opinião então ??
Vou te dizer, novameeente, que você é demais!
Vamos pensar em lançar uma campanha .. sei láá .. 'free bodies' xD

Te amo, pra sempre !

e para Maitê disse...

- De todos os seus escritos, este é o melhor deles.
Como diz Nélson Rodrigues: "Toda nudez será castigada". Qual o castigo?Indecifrável, talvez até incompreesível.

Nossas mãe estão nuas, e mesmo que não tenham cometido nada, pagam o castigo alheio. Pois é.

e para Maitê disse...

- Corrigindo: mãos

Jânio Dias disse...

Poxa, meu... gostei muito daqui. Um Caio Fernando Abreu lá, um Los Porongas ali... o seu talento precoce... alto nível.

Não há outra coisa a fazer, e sem pedir permissão: vou linká-lo.

Abraço!

PS.: desculpe o mau jeito no comentário do post anterior; não havia lido. Invadi primeiro para depois prestar atenção nos detalhes.

Unknown disse...

aaaa chavinhoo como smp me surpreendendo t amooo maninhuu

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.