segunda-feira, 28 de julho de 2008

Resumo.

Quando entre nós só havia
uma carta certa
a correspondência
completa
o trem os trilhos
a janela aberta
uma certa paisagem
sem pedras ou
sobressaltos
meu salto alto
em equilíbrio
o copo d’água
a espera do café.

[ Ana Cristina Cesar ]


E, o outrora casual e sem pretenção, deu lugar à saudade do trem se aproximando da estação; cada vez mais constante a cena, cada vez mais comum.

E o trem, ferro sobre ferro; ganha sua poesia aos meus olhos. O trem sempre me trouxe boas novas, e fico, como cliente à espera do café que anda em minha direção; em tuas mãos.

Janelas entreabertas por onde não se fez necessário hesitação, de nenhum de nós, fizemos da janela uma porta, e da porta nosso caminho, nossa trilha. Ladeada de sorte e bons acasos; bons ventos a trouxeram.

Já foram trens, cartas, beijos; já não mais é abstrato; o trem se aproxima, o café está quente.

É ato;
é fato.

Ainda há pouco, eu fantasiava o trem, e fantasiava sua chegada. E quanto vi, já estava com seu cheiro em mim. Teu, não do trem.



Um comentário:

e para Maitê disse...

- Uma bela declaração de saudade!
O trem a trará de volta para você rapaz, sossegue.

O trem é um detalhe entre vocês.
:)