quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Do sonho que não quero acordar.

Acabou-se o sonho. De certo modo e consciente sempre soube, nunca foste novidade. Mas acabou, se desfez. Despetalou-se. Não que não estivesse preparado; estava – mas não estava. Não tinha chão, nada lhe tocava os pés. Nada. Nada foi o que sobrou. Acabou-se o sonho. De 3 anos, 3 meses, 3 dias, 3 minutos. Uma eternidade a qual não conseguia contar mais. Nunca contou, nunca havia se preocupado. Mas foi-se. Foi-se como o vento; onda que bate, quebra e se desfaz. Desfez-se como bolhas, dissolvendo-se enfervescidamente. Parou a música, acabou-se a dança. Susta o mundo, deu-se a prosa. Acabou. Foi-se com a força, foi se com a coragem, foi se com a vida. Não explodia mais a luz. Não refratava cores. Era uma fase estranha. Eterna fase sem sentimentos. Sem idéias, sem vontades, sem objetivos. Não mais sonhava. Não se ouvia vozes, nem sequer ouvia ecos. Já não via ruas muito menos avenidas. Não existiam movimentos; só lembranças. Preto e branco. Nada tinha vida. Já não existia mais tempo, nem juventude nem velhice. Estátuas. Lágrima salobra. Penumbra e escuridão. Acabou-se o sonho, mas não acordava, não queria abrir os olhos.
Mesmo nunca estando aqui, simplesmente foste. Para nunca mais voltar.

‘Though I know I'll never lose affection
For people and things that went before,
I know I'll often stop and think about them,
In my life I'll love you more.’

[In my life – The Beatles ]

Um comentário:

Anônimo disse...

noossa, você escreve MUITO bem eim! :) parabéns! hahaha , bem profundo porém muito legal seu "texto/poema". /o/