terça-feira, 2 de setembro de 2008

Pronomes

Foi quando senti novamente que amar não tem remédio.
[ Caio F. ]


E, mesmo sem ver. Os meus dias, outrora solitários - entretanto vívidos, à minha própria maneira - já eram teus, e com um pouco de sorte; nossos.

Lembro me com vaga nitidez de meus dias, algumas imagens soltas e sem foco onde tentava sozinho elucidar os sonhos, e sonhar as realidades. Gostava do som de minhas mãos massageando minha própria cabeça, e se perdendo entre os cachos bagunçados e sem corte, era como se o som traduzisse as idéias também bagunçadas; solitário observava a tarde lenta e densa, tantas vezes, era como um ritual de auto-conhecimento, que não me lembro de ter concluído algo.

Pois quando eram meus, os dias, eu não possuia nada além de meu suposto ritual de auto-conhecimento incompleto; rascunhava poemas sem pronomes que simulavam dias nossos - nossos hoje, outrora somente meus. As prateleiras se amontoavam de livros bonitos e sem dedicatórias, os quais completavam os poemas sem pronomes. Músicas, filmes e sóis poentes também me acordavam para os amores sem formato, que me alimentavam os pensamentos.
Sem nome forma ou corpo, era o que restava:
- Recitar poesias ao futuro - vislumbre do que poderia ser e não era, ou o que ainda não existia mas podia se imaginar.

E passavam os dias - meus - nesse estado sem ânimo, escrevendo poemas sem donos, e idealizando amores sem rostos.

Minha cama. Meus sonhos e devaneios. As cores - quentes ou frias - dos meus dias.
Meus sorrisos, meus afagos, meu tempo e espaço. Minhas idéias, minhas palavras e meus desejos, nos meandros de minha solidão se tornaram... Teus.

Do (meu) amor, meu sorriso faz a rubrica; do teu rosto meu olho fez retrato.
E em seus lábios minha boca fez promessa.
Agora, em nossos dias.

4 comentários:

Tugga disse...

Adorei a sua maneira de se expressar.Parabéns.

E sortuda é a merecedora das suas palavras!

x)

Tugga disse...

E que sinistro você ter assistido aquele episódio ontem, hein!?

Medo tb, ui!

x)

Raíça D. disse...

Perfeito.
*-*

Tati Lima disse...

Meus sorrisos, meus afagos, meu tempo e espaço. Minhas idéias, minhas palavras e meus desejos, nos meandros de minha solidão se tornaram... Teus.


Pois é... Iuri Gabriel *-*